Blogues empresariais: moda ou realidade emergente?
Apontamentos e reflexões. Captar as tendências dos novos tempos que se assomam no horizonte de um país à beira-mar plantado... e indefeso!
1. Nos últimos dois dias houve um simpósio na Academia Militar, na Gomes Freire, sobre Intelligence Competitiva e Guerra da Informação. Uma uma assistência algo bocejante de militares e alguns quadros intermédios de grandes empresas foi espelho do estado de alerta da nossa economia a estas novas necessidades. Na verdade, o simpósio daria um certificado de prsença a quem se pré-inscrevesse previamente. É claro que muita gente foi para lá picar o ponto. E sentiu-se isso quando os supostos "debates" depois das intervenções não passaram de umas meras questões desenxabidas, sem irem aos pontos fulcrais de assuntos tão urgentes.
3. Da intervenção do prof. Borges Graça, retive a expressão "patriotismo económico", que lá arrancou alguns acenos de cabeça nalguns participantes mais garbosos. Com efeito, após o 25 de Abril, a expressão "pátria" passou a ter conotação fascista. Apenas Manuel Alegre veio lançar uma pedra nesse charco discursivo político, durante estas últimas presidenciais. Onde é que já se tinha visto um político da esquerda a bradar a espada da pátria aos céus da mediatização?


Há muito pouco tempo foi lançado um livro de dois jornalistas portugueses sobre a vida e a obra de Peter Drucker, o pai fundador da Gestão moderna. Curioso foi este livro ter surgido durante esta febre das OPA’s que nos tem assaltado desde o princípio do ano na Europa, inclusivamente em Portugal. isto porque aquele eminente guru, hoje com mais de 90 anos mas ainda em plena vida activa, sempre sustentou esta controversa ideia sobre fusões e aquisições entre empresas: “Não são solução. Fazem algum sentido se as entendermos como puramente defensivas em indústrias e sectores em declínio acelerado.” Nesta lógica, as empresas “opam” porque sentem que já não são capazes de continuar a crescer por si sós. Que já não conseguem obter novas mais-valias e defenderam-se da concorrência de outras formas. Para Drucker, as OPA’s são expedientes velhos, aos quais recorre quem carece de imaginação.


Numa altura em que a Brisa rejubila com um novo máximo histórico do valor das suas acções, esta pequena jóia da família Mello, que actua num dos poucos sectores em que Portugal exporta inovação (a concessão de auto-estradas), acaba de fazer história: é a primeira vez NA EUROPA que uma concessionária é impedida por uma Autoridade da Concorrência de proceder a uma aquisição de acções de uma concorrente, e que esta interpõe recurso ao Ministério da Economia contra tal decisão.
Esta situação tão inédita quanto bizarra só poderia acontecer num país com duas auto-estradas “repetidas” , com o mesmo circuito, como a A1 (da Brisa) e a A8 (das Auto-Estradas do Atlântico). Ora querendo a Brisa aumentar a sua participação de 10% para 50% na sua concorrente, certamente quererá ter o monopólio sobre as duas auto-estradas. Dando o seu parecer negativo, a instituição dirigida por Abel Mateus demonstrar querer fazer brotar um novo conceito de auto-estradas concorrentes. Portugal torna-se assim um inovador saudosista nesta matéria, invocando sem querer as linhas de ferro repetidas que foram sendo geradas em Inglaterra devido ao facto do sector ferroviário sempre ter sido privado.